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Tempo e espaço que a Teoria da Relatividade não conseguiu mudar: machismo e traição no casamento e n


O tempo é sempre mais cruel com as mulheres, nas entrelinhas da Teoria da Relatividade pode-se ler isso!


Todo mundo conhece Albert Einstein, o gênio da física.


Poucos sabem quem foi Mileva Maric, cientista sérvia, sua primeira esposa, brilhante e manca, que esteve na sua frente, ao lado e ficou para trás!


Ocupada com a maternidade, com suas obrigações de esposa e com o esperado papel social devotado à família, a capacidade intelectual e acadêmica de Mileva foi perdendo espaço, nem o tempo restitui o seu lugar. Einstein, ao contrário, foi ganhando notoriedade e o direito, ainda hoje defendido, de brilhar e amar sem nenhum drama de consciência ou preocupação ética.


Que mal há em um homem ter uma amante, ainda mais quando sua esposa está cada vez mais deselegante por conta das ocupações cotidianas com filhos e casa? Que mal há no fato do homem, com sua suposta superioridade, destacar-se profissionalmente enquanto se desobriga de todos os compromissos familiares?


Nunca houve uma confirmação de que, de fato, Einsten e Mileva tenham tido uma "dr" sobre tudo isso. Porém, nosso querido Veríssimo, reparando o silêncio de mais de um século, nos brindou com um diálogo que poderia ter sido (im)possível:


"Albert Einstein e sua mulher Mileva viveram separados durante 5 anos antes de se divorciarem em 1919. Foi Einstein que telefonou para Mileva para dizer que queria o divórcio.

_ Albert! que bom ouvir sua voz!

_ Como vai você, Mile?

_ Bem, bem. E você vai muito bem, não é, Albert? Está famoso, é chamado de gênio...

_ O pessoal exagera um pouco.

_ E a nossa separação, Albert? Quanto tempo ainda vai durar?

_Era sobre isso que eu queria falar com você, Mile. Acho que nós devíamos nos divorciar.

_ Divórcio, Albert? Depois de tudo o que nós passamos juntos?

_Mileva...

_ Lembra quando nos conhecemos na Polytechnische de Zurique? Nós dois estudando matemática e física?

_ Lembro, Mile. Você era até melhor aluna que eu.

_ Lembra do nosso casamento em 1903?

_Claro.

- Lembra de 1905?

_Como esquecer? O ano miraculoso em que foram publicadas as quatro teses que revolucionaram a física e fizeram minha reputação. E você estava ao meu lado.

_E tudo isso não significa nada para você?

_ Significa, Mile. Mas acabou.Acho que o divórcio vai ser melhor para nós dois.

_ Para você, certamente.

_ Mileva, não seja assim...

_ Agora você via poder se casar com a Elsa. Não é isso que você quer? Ou você pensa que eu não sabia do caso de vocês, mesmo quando ainda estávamos juntos? Elsa, Albert. A sua própria prima.

_Eu esperava que você fosse mais compreensiva, Mile.

_Eu sou compreensiva Albert. Não sei se Elsa vai ser tão compreensiva quanto eu fui.

_ Ela me ama e me apoia. _ Mas será que ela faria o sacrifício que eu fiz, para que o nosso casamento desse certo?

_ Que sacrifício?

_ Você esqueceu como eu fui compreensiva quando aceitei que você assinasse os quatro artigos que eu escrevi sozinha e levasse toda a glória? Eu não esqueci.

_ Depois daqueles artigos, publiquei muitos antes igualmente importantes, Mile.

_ Como aqueles, não, Albert.Aqueles fizeram história. Aqueles mudaram o modo de pensar sobre o Universo. A ciência nunca mais foi a mesma depois dos quatro artigos publicados em 1905. Dos meus quatro artigos.

_ Eu nunca neguei a sua capacidade.

_Mas o mundo nunca ficou sabendo , não é Albert? Talvez agora fosse a hora de saber..

_Você está me chantageando, Mileva?

_ Não. Só estou pensando em reparar uma injustiça.

_Você lembra por que eu quis assinar os artigos, em vez de você?

_Lembro. você disse que ninguém acreditaria que eles tinham sido escritos por uma mulher. E eu, compreensiva, para não ameaçar nosso casamento, concordei.

_E você acha que hoje, em 1919, seria diferente que em 1905, Mileva? Ninguém vai acreditar que você é a autora dos artigos.Vão dizer que é uma invenção vingativa de uam mulher despeitada. Para aceitarem que uma mulher possa ser um gênio da física como um homem é preciso que passe muito tempo ainda. Você esqueceu a importância do tempo na sua própria teoria, Mile?

_Eu sei, tudo é relativo, e o tempo mais do que tudo. Mas se houvesse um confronto entre nós dois para saber quem está falando a verdade, eu provaria minha autoria. Você nunca entendeu muito bem as minhas teorias, não é, Albert?

_Mile, você faria isso? Só para evitar que eu casasse com a Elsa?

_ Não, Albert. Fique com a sua reputação, com o seu gênio e com a sua Elsa. Eu não faria isso. Eu continuo uma mulher compreensiva. Injustiçada, despeitada, mas compreensiva.

_Você me perdoa, Mile.

_ Talvez com o tempo, Albert."

( Luis Fernando Veríssimo, Diálogos Impossíveis)

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