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Mitos e verdades sobre epilepsia


Historicamente, a epilepsia traz uma bagagem de preconceitos e estigmas que envolvem questões sociais e psicológicas que vão além da medicina. Por isso é tão importante a informação que ajuda a esclarecer os mitos e verdades que a acompanham.


A epilepsia é uma doença neurológica caracterizada por descargas elétricas anormais e excessivas no cérebro que são recorrentes e geram as crises epilépticas. As crises podem se manifestar com alterações da consciência ou eventos motores, sensitivos/sensoriais, autonômicos (por exemplo: suor excessivo, queda de pressão) ou psíquicos involuntários percebidos pela pessoa com epilepsia* ou por outra pessoa.


A Dra. Adélia Henriques Souza, neurologista infantil e presidente da Liga Brasileira de Epilepsia (LBE), esclarece a respeito de algumas verdades e mitos sobre a epilepsia:


1. A epilepsia é uma doença contagiosa – MITO

A epilepsia é uma doença neurológica não contagiosa. Portanto, qualquer contato com alguém que tenha epilepsia não transmite a doença.


2. Durante uma crise convulsiva, deve-se segurar os braços e a língua da pessoa – MITO

Durante uma crise o ideal é colocar o pessoa deitada com a cabeça de lado para facilitar a saída de possíveis secreções e evitar a aspiração de vômito. A cabeça deverá ser apoiada sobre uma superfície confortável. É importante não introduzir qualquer objeto na boca, não tentar interromper os movimentos dos membros e não oferecer nada para a pessoa ingerir.


3. Toda convulsão é epilepsia – MITO

A crise convulsiva é uma crise epiléptica na qual existe abalo motor. Para considerar que uma pessoa tem epilepsia ela deverá ter repetição de suas crises epilépticas, portanto a pessoa poderá ter uma crise epiléptica (convulsiva ou não) e não ter o diagnóstico de epilepsia.


4. Epilepsia é uma doença mental – MITO

A epilepsia é uma doença neurológica, não mental.


5. Os pacientes com epilepsia não podem dirigir – MITO

Segundo a Associação Brasileira de Educação de Trânsito, o paciente com epilepsia que se encontra em uso de medicação antiepiléptica poderá dirigir se estiver há um ano sem crise epiléptica – dado que deve ser apresentado através de um laudo médico. Caso o paciente esteja em retirada da medicação antiepiléptica, ele poderá dirigir se estiver há no mínimo dois anos sem crises epilépticas e ficar por mais seis meses sem medicação e sem crise. Já a direção de motocicletas é proibida.


6. É possível manter a consciência durante uma crise de epilepsia – VERDADE

Sim, é possível. A manifestação clínica da crise epiléptica relaciona-se com a área do cérebro de onde a crise é gerada. As crises epilépticas apresentam-se de diferentes maneiras: podem ser rápidas ou prolongadas; com ou sem alteração da consciência; com fenômeno motor, sensitivo ou sensorial; únicas ou em salvas; exclusivamente em vigília ou durante o sono.


7. O estresse é um fator desencadeador de crises de epilepsia – VERDADE

O estresse é um dos fatores que pode deflagrar uma crise epiléptica.


8. Existem medicamentos capazes de controlar totalmente a incidência das crises – VERDADE

Cerca de 70% dos casos de epilepsia são de fácil controle após o uso do medicamento adequado. Os 30% restantes são classificados como epilepsias refratárias de difícil controle.


9. A epilepsia pode acometer todas as idades – VERDADE

A epilepsia acomete desde o período neonatal até o idoso, e pode ter início em qualquer período da vida.


10. A pessoa com epilepsia pode ter uma vida normal – VERDADE

Pessoas com epilepsia, desde que controlada, podem e devem ser inseridas completamente na sociedade, ou seja, devem trabalhar, estudar, praticar esportes, se divertir.



Complementando essas informações o neurocirurgião Paulo Porto de Melo, colaborador do Departamento de Neurocirurgia da Universidade de Saint Louis (Missouri- EUA), aponta mais alguns mitos:


11 - Convulsão e ataque epiléptico são sinônimos – MITO

A convulsão é apenas um tipo de ataque epilético. “A convulsão é aquele tipo mais intenso, no qual o paciente perde os sentidos e se debate, podendo morder a língua e urinar na roupa. No entanto, existem crises mais fracas, caracterizadas por breves desligamentos, formigamentos ou contrações restritas a alguns grupos musculares. Se ocorrerem de maneira recorrente, configuram epilepsia”.


12 - Epilepsia tem tratamento, mas não tem cura – MITO

Existe a possibilidade de cura em alguns casos, por exemplo, se a pessoa ficar muito tempo sem ter crises (mínimo de dois anos) e a medicação for descontinuada sem recorrências; com um procedimento cirúrgico que retira a causa das crises; pelo próprio amadurecimento do cérebro em alguns tipos de epilepsias infantis.


13 - A saliva durante uma convulsão pode transmitir a doença – MITO

A epilepsia não é uma doença contagiosa. Melo garante que o contato com a saliva do paciente de maneira alguma torna a outra pessoa epilética. “No entanto, a saliva pode transmitir (mesmo que raramente) algumas doenças infecciosas. Por isso, não é recomendado o contato desnecessário com a saliva de um desconhecido sem mecanismos de proteção”, afirma.


14 - Devemos dar dose extra do remédio quando ocorre uma crise – MITO

As medicações devem ser mantidas nos horários acertados pelo médico. Não se deve dar remédio extra durante ou logo após a crise, nem passar água fria e muito menos álcool no rosto da pessoa, pois são medidas absolutamente sem efeito.


*Substituímos no texto o termo "paciente" por "pessoa com epilepsia" aderindo a uma perspectiva mais humanizada e menos estigmatizante preconizada na atualidade.


Fonte: http://epilepsia.org.br


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